Sociedade dos poetas mortos

Escrever é um dom, deixar sua alma se expressar também.

quarta-feira, março 09, 2005

Vamos fugir.
Acho que não,
fulga é inutil
quando si é o próprio algoz

Cansado de discuções,
problemas sem soluções
perversas emoções

No mundo perturbado
sou eu o perturbado
desorientado e atrapalhado

Escrevo uma poesia para meu amor
ela só sente ódio e rancor
Chateado e triste peço seu carinho
Brava só me oferece mais dor

Que mundo de pernas pro ar
já que para se amar alguém
maltratar e ofender é o certo
cuidar e se preocupar não existe ao certo.

quinta-feira, março 03, 2005

PARA O SEXO A EXPIRAR

Para o sexo a expirar, eu me volto, expirante. Raiz de minha vida, em ti me enredo e afundo. Amor, amor, amor - o braseiro radiante que me dá, pelo orgasmo, a explicação do mundo. Pobre carne senil, vibrando insatisfeita, a minha se rebela ante a morte anunciada. Quero sempre invadir essa vereda estreita onde o gozo maior me propicia a amada. Amanhã, nunca mais. Hoje mesmo, quem sabe? enregela-se o nervo, esvai-se-me o prazer antes que, deliciosa, a exploração acabe. Pois que o espasmo coroe o instante do meu termo, e assim possa eu partir, em plenitude o ser, de sêmen aljofrando o irreparável ermo.

(Carlos Drummond de Andrade)

Teu corpo claro e perfeito, Teu corpo de maravilha, Quero possuí-lo no leito Estreito da redondilha...

Teu corpo é tudo o que cheira... Rosa... flor de laranjeira...

Teu corpo, branco e macio, É como um véu de noivado...

Teu corpo é pomo doirado...

Rosal queimado do estio, Desfalecido em perfume...

Teu corpo é a brasa do lume...

Teu corpo é chama e flameja Como à tarde os horizontes...

É puro como nas fontes A água clara que serpeja, Quem em antigas se derrama...

Volúpia da água e da chama...

A todo o momento o vejo... Teu corpo... a única ilha No oceano do meu desejo...

Teu corpo é tudo o que brilha, Teu corpo é tudo o que cheira... Rosa, flor de laranjeira...

(Manuel Bandeira)